domingo, junho 07, 2020




    Estava com saudade da chuva, mas não sabia disso. Estava com saudade de escutar apenas a natureza, o barulho da água nas folhas, os pássaros cantando na hora que amanhece o dia.
    O cantarolar dos pássaros me transmitem uma alegria enorme, eles parecem fazer festa, como se estivessem a comemorar mais um dia de vida.
    Saudade desse vento fresco mas não tão frio. Talvez a saudade seja de conversar com as plantas, de prestar atenção no som dos animais, de aprender a reconhecer os pássaros pela forma como piam.
    Saudade de lembrar que tem um dia inteiro pela frente e ter vontade de vivê-lo, com a sensação de que será especial.
    Estava com saudade disso tudo e não sabia.
    Só lembrei agora, porque só agora estou revivendo a chuva nos primeiros raios da manhã.
    Estive mais próxima da noite nos últimos tempos, um pouco alheia ao correr de um dia normal. A noite me seduz com seus próprios encantos. E o que é normal nesses dias de quarentena?
    Sei que a lua estava linda esses dias! Cheia! Ainda não consigo perceber a influência da lua na energia do dia, mas as vezes me lembro que quero perceber e observo mais um pouco.
     Mas fica parecendo que só agora o mundo deu espaço para o “silêncio” da natureza reaparecer por entre os cinzas das cidades. Os animais estão nos visitando (!) eles que viviam se escondendo. E o ar nas grandes cidades parece estar menos poluído. Será que os pássaros estão voltando a visitar janelas por lá?
    Saudade de andar nas ruas, quem diria!
    Mas, mesmo mergulhando nas possíveis alegrias do dia a dia, um fantasma ao fundo sempre ecooa, já por meses agora: o número de mortos pelo coronavírus (na nossa cidade, no nosso estado, no nosso país, em outros países, no mundo). O pesar no coração de seus familiares e amigos. As dificuldades que muitas pessoas estão passando por perderem seus empregos. A preocupação dos empregadores com a sustentação de seus negócios. A falta de previsão de quando teremos a vacina e quando poderemos, enfim, voltar aos abraços e multidões. O toque de recolher que remete à dias de guerra.
    Que baita desafio! A nossa própria natureza nos obrigando a parar, a diminuir o ritmo. Nos obrigando a responder globalmente com uma organização que nunca antes pudemos ter, nunca antes tivemos tantas possibilidades de comunicação. Nos obrigando a olhar pras diferenças sociais brutais e pro tanto de coisas que ainda precisamos crescer e amadurecer enquanto raça humana, e o quanto já evoluímos também. Ah! Como queria que conseguíssemos olhar melhor para a possibilidade de desenvolvimento de nossa Inteligência Coletiva humana. Que talvez já estejamos desenvolvendo, mas que tem a maior parte do seu potencial inexplorada pela grande maioria.
    Um ser invisível faz o mundo parar e nos obriga a exigir respeito, por que agora não dá pra fingir que não viu, está estampado em tudo que é tela. Está tão evidente, será que vamos conseguir fazer diferente? Conseguir passar de um superficial envolvimento com as manchetes para ações que de fato sejam enraizadas em transformações sociais? Um vírus que nos separa e nos aproxima ao mesmo tempo. E neste tempo onde perto e longe vem ganhando novas nuances de possibilidades, como será nossa reconexão com os outros?
    Não é sempre que dá pra navegar nas ondas da arte para nos comunicar com o coração, com o corpo, com a alma, com as vísceras... mas quando dá é lindo! Quando dá frutos é lindo! Arte que nos faz vivenciar macrocosmos em microcosmos. Sínteses, interferências, bombas com rosas, bálsamos. Que trazem a graça de ampliar a percepção de momentos, ou trazem curas que nos permitem assimilar momentos, no nosso tempo.
    Daí me vem a vontade de agradecer. Gratidão por ter um teto sobre minha cabeça! Gratidão por não me faltar alimento! Gratidão pela minha saúde! Gratidão por eu ter espaços de degustação da arte! Gratidão pela graça de existirem alguns seres humaninhos lindos que me fazem amar o fato de existirem! Gratidão por morar com vista pra natureza! Gratidão por ter água e ar puros! Gratidão aos escritores que me permitem mergulhos nos diferentes mundos da leitura! Gratidão aos atores que me fazem viver histórias e ficar vibrando pelos próximos acontecimentos, ganhando nos personagens novos amigos, inimigos e professores! Gratidão aos músicos que preenchem os dias com canções que embalam o coração! Gratidão aos que mantém o fluxo da sociedade em funcionamento para que não nos falte nada! Gratidão pelo meu amor ao canto e por ter dias que passo cantando!


sábado, novembro 12, 2016


Imagem: Christian Schloe

“ Quando repentinamente tiveres de presente a graça de presenciar o desabrochar de quem amas, e puderes saborear o novo nós que se torna possível, entregue-se, como se existisse apenas o agora... afinal... é só ele que existe.

Se por algum desaviso, descuido ou por teres tropeçado no momento exato em que passou por ti a valiosa explicação ou o significado, e se por isso ver esvair o que passou a existir e a ser amado, não dê por encerrado ou extinto, se em ti por acaso ainda latejar sob a pele o potencial desabrochado.

Deixe que fique à flor da pele...

Talvez, o desvario desacertado encontre um rumo distante e resgate o sonho dormente, e talvez, por ter sido guardado em estado latente, pulse ainda com mais vontade. Talvez a chuva faça germinar a semente.

Podendo a flor desabrochar em um campo preparado, preservado, potencialmente delicado... a espera apenas que possa, enfim, o amor ser liberado. Independentemente do tipo de amor até então encerrado. Amor transmutado, lapidado, vivificado, adequado... o importante é que esteja liberto, para ser, pelo coração, tocado. ”
#D.R. Sparks

terça-feira, outubro 11, 2016

FP pic



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